Geral Microorganismos

Legionella – transmissão e prevenção

Escrito por Carla Brito Lopes

Legionella é um grupo de bactérias gram-negativas que inclui a espécie L. pneumophila, que provoca Legionelose (todas as doenças causadas por Legionella ), incluindo uma doença tipo pneumonia chamada Doença dos Legionários. A gravidade desta infecção varia desde doença febril leve (febre de Pontiac) a uma forma potencialmente fatal de pneumonia (Doença dos Legionários) que pode afectar qualquer pessoa, mas atinge principalmente  indivíduos que se encontrem mais susceptíveis devido à idade, doença, imunossupressão ou outros fatores de risco, tais como fumar.

A água é o principal reservatório natural para a Legionella e as bactérias são encontradas em todo o mundo em ambientes aquáticos naturais e artificiais,tais como torres de refrigeração, sistemas de ar condicionado, sistemas de água em hotéis, casas, navios e fábricas, aparelhos de terapia respiratória, fontes decorativas, dispositivos de nebulização e piscinas termais.

A Doença dos Legionários carece de sintomas ou sinais característicos (não há sintomas típicos), e nem todos os indivíduos expostos à bactéria irão desenvolver sintomas da doença. No entanto, vários sinais clínicos são associados à Doença dos Legionários e não a outras causas de pneumonia.

Característica Doença dos Legionários
Período de incubação 2–10 dias, raramente até 20 dias
Duração Semanas
Mortalidade Variável (depende da susceptibilidade do doente)
Incidência 0.1–5% – população em geral0.4–14% – hospitalar
Sintomas
  • Inespecíficos (muitas vezes)Perda de força (astenia)
  • Febre alta
  • Dor de cabeça
  • Tosse seca
  • Arrepios
  • Dores musculares
  • Dificuldade respiratória (dor no peito)
  • Diarreia (25–50% dos casos)
  • Vómitos, náuseas (10–30% dos casos)
  • Confusão mental e delírio (50% dos casos)
  • Falência renal
  • Doente não responde a antibióticos beta-lactâmicos ou aminoglicosídeos

Vias de infecção da Legionella

Uma fonte infectada  pode disseminar gotas de água contendo Legionella, vulgarmente referidas como aerossóis. Quando isto ocorre, a maior parte ou a totalidade da água na gota evapora-se rapidamente, deixando no ar partículas suficientemente pequenas para serem inaladas. As partículas com menos de 5 μm de diâmetro podem ser profundamente inaladas e introduzidas nas vias respiratórias podendo causar legionelose.

Outros sistemas de formação de aerossóis que têm sido associados com a transmissão da doença são os sistemas de refrigeração (ar condicionado), construção de sistemas de água, aparelhos de terapia respiratória e banheiras de hidromassagem. Chuveiros, saídas de água, autoclismos, humidificadores, aparelhos respiratórios e nebulizadores que foram preenchidos ou limpos com água da torneira também podem propagar a doença.

Até à data, os maiores focos da doença têm sido associados com a transmissão de aerossóis por parte desse tipo de equipamentos.

Outros sistemas implicados na disseminação da Doença dos Legionários via aerossóis incluem a canalização doméstica. Os sistemas de água potável contendo Legionella são uma causa significativa de casos esporádicos da Doença dos Legionários adquirida na comunidade. A proliferação de Legionella é promovida pela estagnação da água, que ocorre por exemplo, nos becos sem saída das tubagens do sistema de distribuição e em tanques de armazenamento e sistemas que não são usados com frequência.

Não são conhecidos casos de propagação da doença de pessoa para pessoa nem através da ingestão de água contaminada.

 

Diagnóstico

Apesar do seu crescimento nos sistemas de água ser fácil, a bactéria requer meios especiais para ser cultivada in vitro. Consequentemente, a maior parte dos testes são baseados em técnicas de diagnóstico serológico para detectar anticorpos aumentados. O diagnóstico da Doença dos Legionários exige um teste especial que não é realizado rotineiramente em pessoas com febre ou pneumonia. Por isso, o médico deve considerar a possibilidade de legionelose, a fim de obter um diagnóstico adequado. A expectoração, líquido pleural, lavagens brônquicas, e biópsias podem ser examinadas por imunofluorescência.

 

Medidas preventivas

  1. Mergulhar os chuveiros numa solução de água com lixívia (preconiza-se 10 gotas de lixívia para 1L de água) durante cerca de 30 minutos uma vez por semana.
  2. Não frequentar spas, jacúzi, hidromassagens enquanto a fonte do problema não for detectada.
  3. Não tomar duche e preferir o banho de imersão.
  4. Nos termoacumuladores, a água deve estar regulada para temperaturas acima dos 75ºC.

 

http://www.who.int/water_sanitation_health/emerging/legionella.pdf

http://www1.ipq.pt/PT/SPQ/ComissoesSectoriais/CS04/Documents/Brochura_Legionella_final.pdf

Sobre o autor

Carla Brito Lopes

Carla nasceu em Viana do Castelo em 1977. Licenciada em Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde em Lisboa. Concluiu a certificação em Laboratory Management pela ASCP (American Association of Clinical Pathology) em Setembro de 2016. Mestre em Genética Molecular e Biomedicina pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Trabalhou no Centro Hospitalar Lisboa Central entre 1998 e 2015, exercendo histopatologia e imunohistoquímica, sendo co-responsável pelo sector. Trabalha no Dr. Joaquim Chaves, Laboratório de Anatomia Patológica desde 2004 onde exerce funções de Coordenação Técnica e da Qualidade.