Alguns tumores, tecidos biológicos e processos patológicos tem características macroscópicas inerentes. Detalhes como a cor, forma, textura e consistência são importantes na descrição macroscópica e permitem em muitas situações orientar um diagnóstico histológico.
Por exemplo, macroscopicamente um linfoma gastrointestinal pode ser multifocal, branco e mole com linfadenopatias mesentéricas proeminentes enquanto um carcinoma é normalmente ulcerado, firme e irregular, com envolvimento ganglionar mais localizado e invasão vascular.
Descrição Macroscópica – Aspetos a considerar
- Cor
- Consistência
- Forma
1. Cor
A cor pode ser um detalhe muito útil na descrição macroscópica de uma amostra, considerando que são poucos os tecidos biológicos que apresentam cor característica (Tabela 1).
A melhor forma de se conseguir uma descrição correcta da cor é evitar floreados e ser objectivo. Regra geral, o sangue é vermelho/acastanhado e os tecidos biológicos branco/bege.
Se, macroscopicamente, um de dois fragmentos é idêntico a sangue, este facto correlaciona-se com a existência de apenas um fragmento na lâmina de vidro, juntamente com eritrócitos desagregados, afastando por completo a hipótese de um dos fragmentos se ter perdido durante o processamento histológico.

Tabela 1: Alguns processos patológicos / tecido biológico com cor característica.
2. Consistência
A maioria dos tumores provocam uma resposta desmoplástica (fibrose) e são mais consistentes e duros que o tecido adjacente. Por outro lado, tumores de consistência mole ou elástica, têm menor probabilidade de serem malignos.
Existem no entanto tecidos que pela sua consistência firme (por exemplo a próstata) se torna difícil, macroscopicamente, detectar um tumor. Outros tumores, como o carcinoma lobular da mama, provocam resposta desmoplástica mínima e podem não ser macroscopicamente visualizados.
As áreas de necrose, assim como os tumores papilares, são por norma moles e friáveis o que pode levar a erros de interpretação macroscópica.
3. Forma
A maioria dos processos patológicos tumorais, tem normalmente limites infiltrativos e irregulares, enquanto que lesões com forma e limites definidos e regulares, tem menor probabilidade de ser tumorais.
A descrição macroscópica destas características (Tabela 2), é um factor considerável a incluir na análise macroscópica de uma amostra.

Tabela 2: Exemplos de termos a utilizar na descrição macroscópica da forma/limites para amostras normais e tumorais.
Padronização da Descrição Macroscópica
Padronizar a descrição macroscópica não só evita erros, como permite uma abordagem mais eficaz à amostra recebida. Um dos objectivos é proporcionar ao médico (que não tenha visto a amostra) uma imagem mental o mais aproximada possível da realidade.
A abordagem pode ser feita da seguinte forma:
- Confirmar o nome do paciente (na requisição e no recipiente que contém a amostra), a referência quanto ao local da colheita (se inscrita no frasco que contém a amostra), se foi recebida a fresco ou em fixador e as estruturas anatómicas presentes na amostra com as dimensões e o peso.
- Descrever os achados macroscópicos que causaram a ressecção da amostra – tipo de lesão, tamanho, relação com estruturas normais, margens e assim por diante.
- Identificar e registar patologias secundárias tais como pólipos, uma segunda lesão mais pequena, divertículos (…).
- Descrever estruturas normais que não fazem sentido na primeira parte da descrição (exemplo: comprimento e diâmetro dos ureteres numa ressecção da bexiga).
- Para uma abordagem prática à descrição macroscópica, consultar a página “Orientações prévias à descrição macroscópica“.