Objetivo / Princípio
A hematoxilina e eosina (H&E) é a principal coloração em anatomia patológica e provavelmente a mais utilizada em histologia. Permite a visualização de vários constituintes celulares, nomeadamente do núcleo, citoplasma e tecido conjuntivo. A hematoxilina cora os núcleos de azul e a eosina cora o tecido conjuntivo e o citoplasma em diferentes tonalidades de vermelho, rosa ou laranja.
Protocolos de Hematoxilina & Eosina (H&E)
Serão apresentados dois tipos de procedimento técnico, conforme se pretenda corar com a hematoxilina de forma progressiva ou de forma regressiva.
Método progressivo
Cora progressivamente o núcleo celular sem ser necessário recorrer à diferenciação.
1. | Xilol | 10 min |
2. | Álcool a 99,9% | 3 min |
3. | Álcool a 96% | 2 min |
4. | Água corrente | 4 min |
5. | Hematoxilina (Gill ou Mayer) | 5 min |
6. | Água corrente | 4 min |
7. | Água amoniacal a 0,5% | 15 seg |
8. | Água corrente | 4 min |
9. | Eosina / Eosina-Floxina | 20 seg / 1 min |
10. | Água corrente | 5 seg |
11. | Álcool a 96% | 5 seg |
12. | Álcool a 99,9% | 15 seg |
13. | Álcool a 99,9% | 30 seg |
14. | Xilol | 3 min |
15. | Xilol | 3 min |
NOTAS
-
Os tempos em cada um dos passos da coloração são meramente indicativos e devem ser adaptados de acordo com as preferências de cada laboratório.
-
Não agitar no passo da água amoniacal, pois pode ocorrer queda de cortes da lâmina.
-
A água amoniacal pode ser substituída por qualquer das soluções “azulantes” mencionadas.
Resultados
Núcleos ………………………………. azul
Citoplasma ………………………….. vários tons de rosa
Fibras musculares ……………….. rosa intenso / vermelho
Eritrócitos ……………………………. laranja / vermelho
Fibrina ………………………………… rosa intenso
Note-se que outras estruturas e substâncias que não os núcleos, podem corar pela hematoxilina. Exemplos incluem hifas fúngicas, que coram fracamente, e depósitos de cálcio, que coram frequentemente de azul-preto.
Método regressivo
Cora intensamente todas as estruturas nucleares e citoplasmáticas, sendo necessário recorrer à diferenciação.
1. | Xilol | 10 min |
2. | Álcool a 99,9% | 3 min |
3. | Álcool a 96% | 2 min |
4. | Água corrente | 4 min |
5. | Hematoxilina (Harris) | 10 min |
6. | Água corrente | 4 min |
7. | Álcool ácido a 1% | 5 seg |
8. | Água corrente | 7 min |
9. | Eosina / Eosina-Floxina | 20 seg / 1 min |
10. | Água corrente | 5 seg |
11. | Álcool a 96% | 5 seg |
12. | Álcool a 99,9% | 15 seg |
13. | Álcool a 99,9% | 30 seg |
14. | Xilol | 3 min |
15. | Xilol | 3 min |
NOTAS
-
Quando a hematoxilina é usada regressivamente, o passo da diferenciação é fundamental. Os núcleos não devem ficar sobre ou sub-diferenciados, pois coloração nuclear inapropriada pode condicionar o diagnóstico.
-
Os tempos em cada um dos passos da coloração são meramente indicativos e devem ser adaptados de acordo com as preferências de cada laboratório.
Resultados
Núcleos ………………………………. azul
Citoplasma ………………………….. vários tons de rosa
Fibras musculares ……………….. rosa intenso / vermelho
Eritrócitos …………………………… laranja / vermelho
Fibrina ………………………………… rosa intenso
Note-se que outras estruturas e substâncias que não os núcleos, podem corar pela hematoxilina. Exemplos incluem hifas fúngicas, que coram fracamente, e depósitos de cálcio, que coram frequentemente de azul-preto.
Método rápido para cortes de congelação
Antes de iniciar a coloração, certificar que o corte está bem aderido à lâmina histológica.
1. | Água corrente | 30 seg |
2. | Hematoxilina | 1 min |
3. | Água corrente | 10 seg |
4. | Água amoniacal | 3 seg |
5. | Água corrente | 5 seg |
6. | Eosina | 5 seg |
7. | Água corrente | 1 seg |
8. | Álcool a 96% | 5 seg |
9. | Álcool a 99,9% | 5 seg |
10. | Xilol | 5 seg |
Resultados
Núcleos …………………………………………………………… azul
Citoplasma e outros componentes tecidulares ……… vários tons de rosa
Dicas para uma boa coloração de hematoxilina e eosina (H&E)
- Efetuar diariamente uma lâmina teste antes de se iniciar a coloração de rotina. Este passo permite perceber, após visualização microscópica, se algum dos corantes ou reagentes necessita ser trocado.
- Não permitir que as lâminas sequem durante o processo de coloração.
- Quando não estão a ser utilizados, manter sempre os reagentes tapados. Este passo evita que os reagentes evaporem e que os álcoois absorvam a humidade atmosférica.
- Certificar que todos os reagentes têm volume suficiente para que as lâminas fiquem imersas.
- Filtrar a hematoxilina sempre que seja verificado precipitado na superfície da solução.
- Efetuar manutenção diária dos reagentes (mudar), considerando o número de lâminas coradas diariamente.
- Perceber se aconteceu mudança de lote ou de fornecedor da hematoxilina. Ajustar o tempo de coloração se necessário.
- Verificar o pH da hematoxilina. Ajustar se necessário.
- Após o passo da água amoniacal, lavar bem as lâminas em água corrente. O pH da eosina é fundamental para se alcançar uma boa coloração citoplasmática. Se for transportada amónia para a eosina, o pH será alterado e a coloração afetada.
- Após o passo da eosina, não desidratar as lâminas muito rapidamente. Este passo é fundamental para uma boa diferenciação deste corante. No entanto, quanto mais diluído for o álcool, maior a quantidade de eosina removida.
- Uma boa desidratação é fundamental. Considerar trocar diariamente o último álcool absoluto assim como o último xilol.
- Excesso de cloro na água corrente, pode resultar em coloração nuclear fraca. Se for este o caso, considerar substituir a água corrente por água desionizada ou destilada.
- Por vezes, o que aparenta ser um problema de coloração, tem origem em fases anteriores de processamento histológico. Rastrear o tempo de fixação dos fragmentos, a condição dos reagentes do processador de tecidos, a espessura do corte histológico assim como temperatura excessiva em alguma das fases prévias, devem ser formas de verificar eventuais problemas na coloração.
Referências bibliográficas
- Carson, F.L., 1997. Histotechnology: a self-instructional text. 2ª ed., ASCP Press.
- Carleton, H.M., Drury, R.A.B. & Wallington, E.. A., 1976. Carleton’s Histological Technique. 4a., Oxford University Press.
- Bancroft, J.D. & Cook, H.C., 1984. Manual of Histological Techniques. Churchill Livingstone.
- Prophet, E.B. & Armed Forces Institute of Pathology, 1992. Laboratory Methods in Histotechnology. Washington, DC. American Registry of Pathology.
- Lillie, R.D., 1965. Histopathologic Technic and Practical Histochemistry. 3ª ed., McGraw-Hill Book Company.
- Bancroft, J.D., Gamble, M. & Suvarna, S.K., 2012. Theory and Practice of Histological Techniques. 7a., Elsevier Churchill Livingstone.