Objetivo / Princípio
O método Fontana Masson é utilizado para a demonstração de substâncias argentafins, como a melanina, grânulos argentafins de tumores carcinóides e alguns grânulos neurossecretores [1].
Certos componentes tecidulares são argentafins, isto é, eles possuem a capacidade de reduzir soluções de prata a prata metálica visível, sem a necessidade de um agente redutor externo (por exemplo formaldeído / hidroquinona) [1-3]. A reação argentafim deve ser diferenciada da reação argirófila, uma vez que nesta última é utilizado um agente redutor externo para reduzir soluções de prata a prata metálica visível [2].
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A reação argentafim é dependente da habilidade de certos compostos fenólicos ou derivados da tirosina reduzirem soluções de prata a prata metálica [2].
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Fixação
Podem ser utilizados a maioria dos fixadores [2], mas o formol neutro tamponado a 10% apresenta melhores resultados [1-4]. Evitar dicromato e cloreto de mercúrio [2,3]. O álcool também deve ser evitado, uma vez que dissolve os grânulos argentafins [1].
Microtomia
Cortes de parafina entre 4 a 5 µm [1].
Controlo de qualidade
Utilizar um corte de pele e um corte de intestino delgado ou apêndice, como controlo da melanina e dos grânulos argentafins respetivamente [1].
Reagentes e soluções
Nota: existem no mercado empresas que comercializam estas soluções já prontas a serem utilizadas, assim como kits de coloração completos.
Apesar de o objetivo ser a demonstração das substâncias argentafins, diversos autores sugerem diferentes modos de preparação dos reagentes:
- Armed Forces Institute of Pathology: Laboratory Methods in Histotechnology (ver AFIP).
- Histotechnology: a Self-Instructional Text (ver Freida L. Carson).
- Carleton’s Histological Technique (ver Carleton’s).
- Bancroft’s Theory and Practice of Histological Techniques (ver Bancroft’s).
Notas prévias ao procedimento
- Utilizar instrumentos não-metálicos e produtos de vidro completamente limpos, visto que a solução de prata reagirá com qualquer contaminante residual deixado no vidro [1,3].
- Este método é sensível mas não é específico para a melanina e para os grânulos argentafins. Outras substâncias redutoras, como por exemplo o pigmento do formol, também vão dar uma reação positiva [1,4].
- Grânulos cromafins e algumas lipofuscinas podem dar reações positivas de intensidade variável [2,3].
- Material friável pode precisar de ser coberto com celoidina, visto que o amoníaco presente na solução de prata pode fazer com que os cortes saiam da lâmina [3]. Pela nossa experiência, colocar o corte numa lâmina modificada eletrostaticamente permite que o corte se mantenha na lâmina.
- A solução de prata pode tornar-se explosiva [1,2].
- Deixar demasiado tempo na solução de prata (overstaining) pode causar fundo cinzento e perda de contraste [1].
- A solução de Fontana é mais propensa a originar fundo cinzento que a solução de prata hexamina e pode deixar precipitado preto sobre o tecido [2].
- A iodina previne reações não específicas causadas por grupos sulfidrilos e remove o mercúrio de tecidos fixados com um fixador que contenha mercúrio [2].
Procedimento técnico
Apesar de o objetivo ser a demonstração das substâncias argentafins, diversos autores sugerem diferentes procedimentos:
- Armed Forces Institute of Pathology: Laboratory Methods in Histotechnology (ver AFIP).
- Histotechnology: a Self-Instructional Text (ver Freida L. Carson).
- Carleton’s Histological Technique (ver Carleton’s).
- Bancroft’s Theory and Practice of Histological Techniques (ver Bancroft’s).
Resultados
Melanina ……………………… Preto [1-4].
Grânulos argentafins ….…. Preto [1-4].
Pigmento inespecífico …… Preto.
Núcleos e citoplasma …….. Cor-de-rosa a vermelho [4].
Referências bibliográficas
- Carson, F.L., 1997. Histotechnology: a self-instructional text. 2ª ed., ASCP Press.
- Carleton, H.M., Drury, R.A.B. & Wallington, E.. A., 1976. Carleton’s Histological Technique 4a., Oxford University Press.
- Bancroft, J.D., Gamble, M. & Suvarna, S.K., 2012. Theory and Practice of Histological Techniques 7a., Elsevier Churchill Livingstone.
- Prophet, E.B. & Armed Forces Institute of Pathology, 1992. Laboratory Methods in Histotechnology. Washington, DC. American Registry of Pathology.