Sistema de Bethesda

Autor: Andreia Carreira. Ver página autores.
Última edição: Pathologika, 29 de Abril de 2017
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Sistema de Bethesda, porquê?

O Sistema de Bethesda para reportar relatórios de citologia cervico-vaginal, remonta a Dezembro de 1988. Esta foi a primeira vez que um grupo de indivíduos com experiência em citopatologia, histopatologia e clínica médica se reuniram no National Institutes of Health em Bethesda, Maryland.

Esta reunião, que se tornou o primeiro workshop de Bethesda, teve como objetivo estabelecer a terminologia que daria indicações claras para a gestão do doente assim como para reduzir a variabilidade inter-observador. Durante os 2 dias de reunião, foram criados 3 princípios fundamentais que têm guiado a terminologia de Bethesda e que se mantém até hoje:

  1. A Terminologia deve comunicar a informação clinicamente relevante do laboratório para o prestador de cuidados de saúde do paciente;
  2. A Terminologia deve ser uniforme e razoavelmente reprodutível entre diferentes patologistas, técnicos e laboratórios e também suficientemente flexível para ser adaptada numa ampla variedade de configurações de laboratórios e localizações geográficas;
  3. A Terminologia deve refletir o entendimento mais atual de neoplasia cervical.

A reunião originou a Terminologia de Bethesda, com informações clinicamente relevantes, uniformes e reprodutíveis entre diferentes patologistas, assim como com significado relevante para o clínico, de forma a refletir uma melhor compreensão da neoplasia. É a nomenclatura mais utilizada para classificar as anomalias do epitélio pavimentoso assim como do epitélio glandular.

As anomalias do epitélio pavimentoso cervico-vaginal podem ser categorizadas em:

  • anomalias celulares de significado indeterminado (ASC-US)
  • lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL)
  • lesão intraepitelial de alto grau (HSIL)
  • carcinoma invasivo.

As anomalias do epitélio glandular podem ser categorizadas em:

  • células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC)
  • adenocarcinoma endocervical in-situ (AIS)
  • adenocarcinoma endocervical
  • adenocarcinoma endometrial
  • adenocarcinoma, SOE.

Esta nomenclatura de Bethesda tem sofrido alterações ao longo do tempo, de modo a diminuir confusões entre alterações celulares benignas e realmente atípicas.

A alteração mais significativa aconteceu com a eliminação da categoria de displasia moderada (CIN II).

Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL – sugestivo de infecção pelo HPV) veio substituir neoplasia intraepitelial de grau I (CIN I).

Lesão intraepitelial de alto grau (HSIL), veio substituir as categorias de CIN II e III.

A classificação de ASC-US (células pavimentosas atípicas de significado indeterminado (atypical squamous cells of undetermined significance) foi revista em 2001 e reclassificada em ASC-US (células pavimentosas atípicas de significado indeterminado) e ASC-H (células pavimentosas atípicas sem excluir lesão intraepitelial de alto grau) para distinguir os casos em que há maior probabilidade de existir lesão precursora. Nestes casos a utente deve ser encaminhada para colposcopia.

A diminuição de categorias diagnósticas proporcionou um melhor diagnóstico entre diferentes observadores assim como a sua reprodutibilidade.

Após a primeira introdução  da terminologia  em 1988, aconteceram já revisões em 1991, 2001 e recentemente em 2014.


Referências bibliográficas

Solomon D: Foreword; in Nayar R, Wilbur DC (eds): The Bethesda System for Reporting Cervical Cytology: Definitions, Criteria, and Explanatory Notes, ed 3. New York, Springer 2015.